segunda-feira, 11 de abril de 2011

Música e Cérebro - Audição Musical





O texto abaixo foi baseado em um artigo de Emmanuel Bigand, professor de psicologia cognitiva, diretor do Laboratório de Estudos de Aprendizagem e do Desenvolvimento, da Universidade de Bourgogne, em Dijon, França.

Estudos já comprovam que aprender a tocar um instrumento reorganiza diversas regiões cerebrais (as áreas motoras, corpo caloso e cerebelo), incluindo aquelas diretamente envolvidas na percepção musical, demonstrando adaptações anatômicas exclusivas aos músicos treinados.  Além disso, o cérebro do músico também sofre ativações mais fortes no hemisfério esquerdo (o da linguagem). As aparências parecem ainda mais significativas em pessoas que começaram a estudar a musica na infância.

Esses trabalhos notáveis esclarecem nossa compreensão sobre a plasticidade cerebral, pois demonstram que o cérebro se reorganiza em conseqüência de um aprendizado intensivo. Contribuem também para compreendermos melhor os aspectos benéficos do exercício musical em outras competências cognitivas (a memória, a resolução de tarefas espaciais).

Todavia, devemos evitar o desejo de associar a qualquer preço as diferenças anatômicas à diferença de aptidão musical, para não correr o risco de ocultar o essencial do que a música pode revelar sobre o funcionamento do cérebro humano.

A audição musical do "Não Músico"

Segundo Emmanuel Bigand as complexas redes neuronais postas em jogo nas atividades musicais se desenvolvem mesmo na ausência de um aprendizado intensivo. Em outras palavras, a simples escuta (e não a prática) basta para tornar o cérebro “músico”.

A idéia de que um cérebro “não-músico” possa ser expert no processamento das estruturas musicais surpreende. Trata-se, no entanto, de uma conclusão apoiada em numerosos estudos feitos sobre a aprendizagem implícita, isto é, aquela de que não temos consciência (contrariamente à explícita, consciente).

Essas pesquisas demonstraram a extraordinária capacidade do cérebro de interiorizar as estruturas complexas do ambiente, mesmo quando só estamos expostos a elas de maneira passiva. Tal aprendizado implícito e inconsciente é fundamental para adaptação e sobrevivência da espécie. Além disso, é observado em todos os domínios e foi adquirido desde cedo no curso da evolução.

Os recém-nascidos passam por aprendizados de grande complexidade, tanto para a linguagem quanto para a música: quando bebês de alguns meses ouvem uma melodia, eles manifestam forte reação de surpresa no momento em que uma nota é substituída por uma outra que infrinja as regras musicais. Os bebês denunciam a própria surpresa sugando o seio mais rápido ou virando a cabeça para o lado de onde vem o som.

 Deduzimos que os circuitos neuronais envolvidos nas atividades musicais se organizam bem antes e independentemente de qualquer aprendizagem explicita da música.

Portanto, indivíduos que não tiveram um estudo musical, podem sim serem tão musicais como um músico profissional. A simples audição desperta e aguça a musicalidade e a percepção, e isso, conforme comprovam os estudos, está presente desde bebês.

Entretanto, audições pobres e limitadas logo são absorvidas e deixam de despertar uma maior amplitude das redes neurais. Então, quanto maior o repertório  oferecido aos nossos ouvidos, tanto melhor.  

Por isso, vamos escutar música!


Para saber mais sobre Música e Cérebro leia:












6 comentários:

  1. Adorei receber informações atualizadas como também os comentários referentes aos asuntos postados.
    Espero estar sempre informada sobre todos os acontecimentos.
    A minha área é Musicoterapia mas não estou atuando no momento,pretendo retomar as atividades profissonais no ano que vem.
    Att.
    Irena

    ResponderExcluir
  2. Irena

    Seja sempre bem vinda!Para receber as atualizações é só fazer parte dos seguidores, assim você receberá informativos periodicamente.

    Abçs, Flávia

    ResponderExcluir
  3. Olá Flávia!
    Passei pelo seu blog e me apaixonei. Esta será apenas uma vez entre muitas visitas que farei a ele. Os conteúdos são muito interessantes, cheio de conhecimentos relacionados a música, educação musical e saúde. Parabéns pelo seu lindo trabalho!!!
    Abraços
    Roseli

    ResponderExcluir
  4. Roseli

    Obrigada e seja sempre bem vinda!

    Abraço!

    Flávia

    ResponderExcluir
  5. Olá Flávia,

    Li seu artigo "O cérebro do músico" e achei muito interessante, gostaria de parabenizá-la por seu trabalho.
    Estou realizando um trabalho sobre neurociência e achei a ilustração contida no seu artigo bastante interessante (figura que mostra os hemisférios cerebrais e depois de um corte mediano é possível observar estruturas como o corpo caloso), e gostaria de utilizá-la em meu trabalho, será que você poderia me fornecer a fonte de onde foi retirada?
    Muito obrigada,
    Andrea Mendes
    (andrea_professora@yahoo.com.br)

    ResponderExcluir
  6. Andréia

    Obrigada! A figura está na dissertação: - Atenção Visual Em Músicos E Não Músicos: um estudo comparativo - , citada nas referências. Estou mandando para seu email.

    Abraços e seja sempre bem vinda!

    Flávia

    ResponderExcluir

Seu comentário é muito importante, todos que são publicados são respondidos, mas antes de escrever, leia as normas do blog:

Você pode: Opinar, elogiar, criticar, sugerir, debater e discordar.
Mas NÃO PODE ofender, insultar, difamar, divulgar spam, fazer racismo, ou qualquer tipo de conteúdo ilegal, além de usar palavras de baixo calão.

Obrigada por sua participação, fico na expectativa de seu retorno!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...