Para o musicoterapeuta argentino Rubén Gallardo, "Fazer musicoterapia é utilizar o som, a música, a voz, os instrumentos musicais e todas as formas rítmicas e sonoras manifestadas e/ou percebidas através do corpo, dos objetos e dos meios analógicos e digitais de produção, reprodução, edição e comunicação, como ferramentas do musicoterapeuta e com objetivos terapêuticos". Para Gallardo, a música é uma ferramenta do musicoterapeuta.
A música, por sua característica de unir simultaneamente elementos racionais e emocionais, possui uma potência terapêutica importante. Porém, afirmar que por si mesma a música é um agente "curativo", requer uma reflexão mais profunda.
Segundo o pesquisador e psicanalista clínico Marcelo Peçanha, há uma distinção entre os termos terapia e terapêutico:
Terapia - Envolve um processo entre paciente e terapeuta, com início e fim (alta). Uma terapia requer objetivos claros e planejados.
Terapêutico - Qualquer atividade que resulte em bem estar para a pessoa envolvida. Assim, ouvir música pode ser terapêutico, fazer artesanato, pintar,tirar umas férias, bordar. Não envolve necessariamente um processo com objetivos estabelecidos.
Ainda segundo Peçanha, o terapêutico tende a afastar o indivíduo da realidade, enquanto a terapia, ao contrário, procura aprofundar-se no interior do sujeito, e assim, realizar a intervenção necessária.
Portanto, ouvir uma música tranquila e agradável pode ser terapêutico para muitas pessoas, afinal a música tem elementos que permitem o distanciamento da realidade. Ela nos faz viajar por lugares maravilhosos. Mas, apesar desses atributos, por si só, a música não representa mudanças, ou seja, seus efeitos tendem a ser apenas passageiros.
Para Rubén Gallardo, atribuir à música um caráter mágico e superestimado é minimizar e até neutralizar a função do musicoterapeuta.
O musicoterapeuta é um terapeuta que utiliza suas ferramentas, entre elas a música, com objetivos terapêuticos efetivos, através da observação, interpretação e intervenção de acordo com a problemática do paciente. A música, é então para o musicoterapeuta, um intermédio que viabiliza a relação terapêutica e não uma terapia em si mesma.
Rubén ainda completa que essa versão acerca do poder da música é um dos fatores que mais contribui para confundir o lugar do musicoterapeuta e as bases teóricas da profissão.
Um exemplo dessa afimação do Gallardo, é a confusão que as instituições fazem, colocando o educador musical como substituto do trabalho do musicoterapeuta.
Recentemente, uma colega ao se candidatar a uma vaga de Musicoterapeuta em uma instituição de saúde mental, recebeu a seguinte resposta: "Desculpe, mas já temos professora de música" (?!)
E você, caro leitor, qual a sua opinião sobre isso?
Bibliografia
GALLARDO, Rubén, BUTERA, Carlos. Introducción a la musicoterapia clínica: conceptualización y metodologia. Tomo I. Buenos Aires: Ediciones Estudio de Musicoterapia Clínica, 2002.
DE PAULA, Marcelo Peçanha. Mente musical: As quatro estações, lidando com as emoções. São Paulo: Anais do X Fórum Paulista de Musicoterapia, 2010.
Rubén ainda completa que essa versão acerca do poder da música é um dos fatores que mais contribui para confundir o lugar do musicoterapeuta e as bases teóricas da profissão.
Um exemplo dessa afimação do Gallardo, é a confusão que as instituições fazem, colocando o educador musical como substituto do trabalho do musicoterapeuta.
Recentemente, uma colega ao se candidatar a uma vaga de Musicoterapeuta em uma instituição de saúde mental, recebeu a seguinte resposta: "Desculpe, mas já temos professora de música" (?!)
E você, caro leitor, qual a sua opinião sobre isso?
Bibliografia
GALLARDO, Rubén, BUTERA, Carlos. Introducción a la musicoterapia clínica: conceptualización y metodologia. Tomo I. Buenos Aires: Ediciones Estudio de Musicoterapia Clínica, 2002.
DE PAULA, Marcelo Peçanha. Mente musical: As quatro estações, lidando com as emoções. São Paulo: Anais do X Fórum Paulista de Musicoterapia, 2010.
Parabéns pelo blog!! As postagens estão com um contéudo excelente!! Beijos
ResponderExcluirObrigada "Carol"! Seja sempre bem vinda!
ResponderExcluirBjs, Flávia
Oi Flávia,
ResponderExcluirParabéns mais uma vez! Seu trabalho é muito bom mesmo! Deve dar muiiiiiiiiiiiiiito trabalho, não , colega?
Bem, o que eu acho: na verdade, ainda procuro (rs). Vamos lá... Como vc já comentou em outra postagem sua por aqui, vc mesmo afirma que para ser musicoterapeuta, importa muito saber música. Daí, posso dizer que o professor está contido no musicoterapeuta mas a recíproca não é verdadeira. Porém, isso é cristalino para nós, claro, que somos musicoterapeutas. Para os leigos, parece não ser tão fácil entender.
Então... voltamos à nossa problemática. Precisamos colocar a nossa profissão em evidência. É o que vc faz com maestria neste site. A cada musicoterapeuta atuante cabe fazer a nossa propaganda.
Buscamos isso em nosso Grupo de Estudos. Flávia, mais uma vez convido vc a participar do nosso Grupo.
Gde bjo da Helena
Olá Helena!
ResponderExcluirÉ sempre ter você por aqui! Realmente, a confusão é ainda bastante comum, mas acredito ser nosso papel esclarecer e diferenciar 'aula de música' de 'musicoterapia'.
Quero muito participar do grupo! Atualmente minha vida está beeem corrida (graças a Deus!) e está realmente dificil até manter o blog atualizado, mas uma hora vai dar certo de participar com vcs, só espero que não parem!
Abraços! Flávia