Por Flávia B. Nogueira
No Brasil, os primeiros musicoterapeutas surgiram na década de setenta, como uma especialização, na Faculdade de Educação Musical no Paraná, conhecida hoje como Faculdade de Artes do Paraná. Em 1972, iniciou-se o primeiro curso de graduação em Musicoterapia, no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro. Apesar de estar presente no Brasil desde os anos 70,a profissão exercida pelo musicoterapeuta ainda gera muitas dúvidas.
Neste artigo, vamos responder algumas dúvidas frequentes quanto a Musicoterapia.
O que é musicoterapia? Quais seus objetivos?
Segundo a Federação Mundial de Musicoterapia (1998), “Musicoterapia é a utilização da música e seus elementos como som, ritmo, melodia e harmonia, por um musicoterapeuta qualificado, em um processo estruturado a fim de facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, aprendizagem, mobilização, expressão e a organização, seja física, emocional, mental, social e cognitiva”.
Portanto, a musicoterapia é uma forma de tratamento que se utiliza da música e seus elementos com objetivos terapêuticos, atuando tanto na promoção da saúde, como na reabilitação.
Um musicoterapeuta deve ser também músico?
Sim. O profissional musicoterapeuta, além das áreas da saúde e psicologia, deve dominar a linguagem musical.
Qual o público alvo da musicoterapia?
Todos os indivíduos que busquem de alguma maneira, melhorar a saúde, seja mental, psicológica e/ou física.
Como se dá o tratamento através da musicoterapia?
A musicoterapia utiliza-se de diversas técnicas específicas. Ao iniciar um tratamento, o indivíduo é avaliado pelo musicoterapeuta, o qual traça um objetivo e elabora a melhor intervenção a fim de alcançar o objetivo traçado. Ao contrário que muitos pensam, não existe músicas prontas como uma “farmacopéia musical”. Para cada caso, o profissional irá escolher a intervenção mais apropriada, sendo que escutar música é mais uma das técnicas, entre muitas outras.
A musicoterapia cura doenças?
Primeiramente, o termo “doença” precisa ser definido. Se entendo por doença aquilo que me faz mal, que de alguma maneira me prejudica, sim, a musicoterapia pode curar, afinal, esse é o objetivo de uma terapia, resolver as problemáticas trazidas pelo cliente/paciente.
Certamente, muitas “doenças” necessitam ser tratadas com medicamentos, o que torna, em muitos casos, imprescindível o acompanhamento de um médico. Por outro lado, estudos comprovam que a música pode gerar vários efeitos biológicos no organismo, como por exemplo, a diminuição da dor e controle da pressão arterial, acarretando na redução o uso de medicamentos.
Como é reconhecida a profissão no mundo e no Brasil em particular?
A musicoterapia ainda é uma profissão nova. Ela surgiu na década de 40, nos Estados Unidos, e desde então vem se difundindo no mundo.
Em vários países, assim como nossa vizinha Argentina, a musicoterapia já faz parte do sistema público de saúde. No Brasil, a profissão foi inserida no Código Brasileiro de Ocupações na classe de Terapeutas ocupacionais e afins sob o Código 2239-15 e pouco a pouco vem ganhando seu espaço. Recentemente alguns estados abriram concursos públicos para musicoterapeutas prestarem atendimento na rede pública de saúde.
Há a prescrição de medicamentos pelo musicoterapeuta?
Não. O musicoterapeuta, assim como outros profissionais da área da saúde devem possuir um conhecimento sobre farmacologia, porém, o único profissional que pode receitar medicamentos é o médico, nenhum outro profissional pode gerar receita medicamentosa.
Qual o tempo médio de tratamento para que ele seja eficaz?
Não existe um tempo pré estabelecido. A duração de um processo terapêutico varia de acordo com o caso do paciente. A alta ocorre quando os objetivos terapêuticos forem alcançados.
Poderia citar alguns exemplos de objetivos terapêuticos?
O objetivo é diminuir ou eliminar sintomas indesejáveis, tais como: estresse, depressão, desequilíbrio emocional, dificuldades cognitivas como aprendizagem, memória (comum em pacientes idosos), dificuldades de linguagem (como afasias), dificuldades motoras, e tantas outras.
Considerações finais
Presente em muitas instituições, a musicoterapia está conquistando espaço e respeito, se mostrando uma forma de tratamento séria em meio aos profissionais da saúde e também do público.
Porém, por ser uma profissão relativamente desconhecida, muitos ainda pensam que “colocar música” é sinônimo de musicoterapia, como por exemplo, dentistas que tocam música na sala de tratamento e anunciam que estão realizando musicoterapia. Somente o profissional graduado (a graduação dura 4 anos) pode exercer a profissão. Nem mesmo um músico experiente está habilitado para exercer a musicoterapia. Como professora de música há muitos anos, sei que a música pode ser terapêutica e trazer benefícios, porém, realizar um tratamento, somente um profissional qualificado.
PROFISSÃO: MUSICOTERAPEUTA gostaria apenas de ressaltar que a prerrogativa de prescrever medicamentos não é exclusiva do médico. Atualmente a legislação garante ao enfermeiro a prescrição de medicamentos como integrante da equipe de saúde atuando em programas de saúde mediante protocolo. Além disso, o dentista também prescreve. De qualquer forma, seu artigo é bastante esclarecedor. Parabéns.
ResponderExcluirRoseane
Roseane
ResponderExcluirObrigada pelo esclarecimento!
Seja sempre bem vinda!
Abçs, Flávia
Boa tarde! Estou fazendo um trabalho sobre musicoterapia, mas tem algo que ainda não está claro para mim. A respeito das músicas utilizadas nos tratamentos... Por exemplo, vcs utilizam de músicas prontas (tipo de cantores como os de hj em dia), vcs criam a música de acordo com o paciente (variando timbre, ritmo, volume etc) ou ambas as coisas?? Utilizam de canto tbm??
ResponderExcluirObrigada : )