segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Musicoterapia e Idosos - Doença de Alzheimer




O emprego da música no tratamento de idosos portadores de Doença de Alzheimer tem se mostrado ser uma forma terapêutica eficaz.
Sabe-se que as habilidades musicais são geralmente preservadas em portadores de DA, mesmo quando os níveis de comprometimento da memória e linguagem estão se tornando mais acentuados.
Segundo pesquisa realizada no Instituto de Psiquiatria da UFRJ, que oferece o atendimento de Musicoterapia desde 1968, a música é a última atividade cognitiva a ser perdida num quadro demencial. A importância dessa terapia reside, principalmente, na capacidade da música de fazer com que o idoso entre em contato consigo mesmo, resgatando e revivendo experiências do passado, expressando sentimentos, refletindo e se concentrando numa atividade (CAYRES, 2006).
Para Oliver Sacks, a musicoterapia se mostra eficiente com indivíduos acometidos por demência, mesmo nos casos mais avançados: “A resposta à música, em especial é preservada, mesmo quando a demência está muito avançada” (SACKS, 2007, p. 320).
O autor ainda cita objetivos importantes alcançados pelo tratamento musicoterápico:
O objetivo da musicoterapia para as pessoas com demência é bem mais amplo: atingir as emoções, as faculdades cognitivas, os pensamentos e memórias, o self sobrevivente desse indivíduo, para estimulá-los e fazê-los aflorar. A intenção é enriquecer e ampliar a existência, dar liberdade, estabilidade, organização e foco (SACKS, 2007, p. 320).


Atendimento musicoterapêutico em uma instituição asilar

A musicoterapia, portanto, utiliza-se da música enquanto linguagem e meio de expressão de natureza não verbal, favorece a exteriorização das potencialidades, proporciona a expressão de emoções e promove o desenvolvimento da criatividade, ampliando perspectivas de vida através do fortalecimento da auto-estima e das conexões cerebrais.
Ao utilizar-se da música e de sua qualidade polissêmica, ou seja, das mais variadas significações que ela pode representar para o sujeito idoso, a musicoterapia atua de forma global, seja no estímulo das potencialidades funcionais, mas principalmente, nos processos afetivos e mentais.

A bagagem musical do idoso oferece recursos para que o terapeuta possa acionar canais de comunicação e assim, promover a valorização da identidade pessoal do indivíduo, facilitando a participação efetiva no processo terapêutico e, consequentemente, conduzindo o idoso a uma melhor qualidade de vida.

“Acredita-se que a função da Musicoterapia é criar, manter e fomentar a comunicação, resgatando a espontaneidade perdida pelo homem ao longo de sua existência, estimulando a criatividade e liberando o indivíduo de condutas estereotipadas, de sua rigidez e cristalizações, comportamentos adquiridos durante o processo e envelhecimento” (GODINHO IN CASTRO E  PINTO ET AL, 2006).

Referências
CASTRO PINTO, S. P. L. et al. O Desafio Multidisciplinar: Um Modelo de instituição de Longa Permanência para Idosos. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2006.  
CAYRES, K. Quem Canta, Seus Males Espanta. Artigo disponível em: http://www.amtrj.com.br/arquivos/jornalUFRJ.pdf.
SACKS, Oliver. Alucinações Musicais: Relatos sobre a Música e o Cérebro. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.


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