segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Encontro Paulista de Musicoterapia 2011




Domingo, dia 27 de novembro ocorreu o Encontro Paulista de Musicoterapia de São Paulo com o tema: Encontrando a Musicoterapia de São Paulo.
Foi um evento que apresentou propostas diferentes das normalmente tratadas em encontros do gênero. Diferentes, mas não menos importantes. O tema central  foi a presença da musicoterapia no setor público. Embora tenhamos comemorado neste ano o ingresso do musicoterapeuta como profissional atuante no SUAS, sabemos que será preciso conquistar o espaço, já que na prática, a musicoterapia ainda não se faz presente nos setores atendidos pela assistência social, portanto, compreender o funcionamento do setor público é imprescindível para a classe.

No encontro, esta temática foi abordada por profissionais atuantes, os quais passaram informações importantes a respeito do funcionamento da rede pública, bastante pertinente aos musicoterapeutas presentes.

Os palestrantes

A primeira palestrante, a professora Sandra Gomes, é fonoaudióloga, especialista em gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, ex-Coordenadora-Geral dos Direitos do Idoso da Secretaria dos Direitos Humanos, da Presidência da República; consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e membro da Câmara Técnica da Saúde da Pessoa Idosa.
Com o tema Musicoterapia, um exercício pleno de cidadania, Sandra falou, entre outras coisas, sobre a importância dos musicoterapeutas se apresentarem muito bem fundamentados, não só no que diz respeito às suas práticas clínicas, mas dotados de conhecimento político.

Sandra Gomes

A palestra seguinte foi apresentada pela musicoterapeuta Ana Carolina R. C. Domingos - Musicoterapeuta graduada, pós-graduada em Reabilitação Gerontológica, pós-graduada em Psicoterapia Corporal.
A  Carol relatou a sua experiência na gestão de uma instituição de atendimento público - O CCA (Centro para Crianças e Adolescentes Jova Rural 2), na qual é gerente. Apesar do CCA ainda não contar com o atendimento de um musicoterapeuta, o "olhar"  musicoterapêutico da Ana Carolina contribui para uma gestão humanizada e sensível às problemáticas.

Mt Ana Carolina

Na sequencia, o musicoterapeuta Paulo Ricardo Bitencourt apresentou a palestra Musicoterapia – “Das clínicas à vida” – uma experiência em construção. Paulo é Musicoterapeuta, Educador pelo Centro de Referência do Idoso da ZN ( CRI-ZN), Especialista em Teorias e Técnicas para Cuidados Integrativos, UNIFESP, Especialista em Psicologia Política, Políticas Públicas e Movimentos Sociais, USP -EACH e Mestrando em Mudança Social e Participação Política, USP -EACH. Entre os temas abordados, Paulo falou do seu trabalho em uma instituição de referência - O CRI-ZN.
O C.R.I. - Centro de Referencia do Idoso da Zona Norte - é uma parceria entre o governo do Estado de São Paulo e a Associação Congregação de Santa Catarina.


Mt Paulo Ricardo Bitencourt 

Com o tema Políticas Públicas Sociais, o psicólogo e especialista em Psicologia Social e em gestão de Politicas Públicas Sociais,  Nivaldo Bernardo Máximo passou informações atualizadas sobre as políticas sociais na cidade de São Paulo. Nivaldo possui experiência profissional em gestão de equipamentos sociais atuando por 25 anos em diversas áreas: crianças, adolescentes e idosos.  Atualmente é Supervisor Regional de Assistência Social da região administrativa do Jaçanã/Tremembé. 

Nivaldo Máximo

As últimas palestras do encontro foram dos musicoterapeutas Lilian Engelmann  - graduada em Musicoterapia pela Faculdade Marcelo Tupinambá (1992) e mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002). Atualmente é professora de musicoterapia da Faculdade Paulista de Artes e da pós-graduação em musicoterapia da Faculdade Olga Metting) - e Roger Carrer - Músico, graduado em Musicoterapia pela Faculdade Paulista de Artes - SP (2007). Técnico de áudio pelo CDA-Faculdade Souza Lima (2003). Pesquisador na área de Musicoterapia Vibroacústica e Música Ansiolítica com diversas condições clínicas e não clínicas.

A professora Lilian mencionou os eventos ocorridos em 2011: Congresso Internacional de Musicoterapia, Seoul, Korea e o XI ENPEMT – Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia. Também abordou os 5 Perfis do Mt Brasileiro e as expectativas para o próximo, como a Reatech 2012. Já o Mt Roger levantou algumas questões como Pesquisa em musicoterapia e a forma como os musicoterapeutas elaboram seus currículos Lattes.

Mt. Roger Carrer



Profa. Lilian e eu


Fontes:

Hotsite da apemesp: http://www.forum-apemesp.com/

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Construção de Instrumentos e Musicoterapia




A construção de instrumentos musicais é um recurso bastante utilizado pela educação musical, especialmente na musicalização infantil.  Ao estimular a pesquisa, a imaginação, o planejamento, a organização e a criatividade; a construção também pode ser uma ferramenta interessante  para a musicoterapia, sendo um ótimo meio para desenvolver nos participantes de qualquer idade, a capacidade de elaborar projetos. 

Construção de Instrumentos em Musicoterapia

Embora o uso de instrumentos construídos à partir de sucata e outros materiais não ser aceito por todos os musicoterapeutas, encontramos na literatura autores que defendem a confecção de instrumentos durante o processo terapêutico.
 Para Benenzon (1988), os instrumentos criados são aqueles fabricados ou improvisados pelos pacientes ou pelo musicoterapeuta. Esses instrumentos são fabricados com quanto e qual material se encontre na vida cotidiana do paciente.
Para o autor um instrumento musical será de interesse para a Musicoterapia se tiver as seguintes características:
  • Simples manejo;
  • Fácil deslocamento; 
  • Grande potencia sonora;
  • Que tenda à expansão e não à introversão; 
  • Que suas possibilidades sonoras sejam de estruturas rítmicas, melódicas, inteligíveis e claras; 
  • Que a sua simples presença seja suficiente estímulo como objeto intermediário.
A variedade de instrumentos que podem ser construídos são diversas e dependem de alguns critérios básicos:
  • Grau de dificuldade na construção - estar atento às limitações do paciente/cliente;
  • Recursos materiais acessíveis;
  • Disponibilidade de tempo.                                                                                                                            
Entre os instrumentos mais simples está o  chocalho. A facilidade na confecção e acesso a variados materiais  - latinhas, potes, tubos de papel, grãos diversos, pedrinhas, tampinhas, entre outros; além da variedade de timbres resultantes dos materiais diversos utilizados, faz com que seja um  dos instrumentos mais acessíveis.


Chocalhos de Latinhas


Nos vídeos abaixo, veja como construir instrumentos mais elaborados:




Flauta de Pã

Flauta em Si em em Dó

Tamborim


Flauta de Êmbolo

Metalofone



Quando utilizada em musicoterapia, é importante ressaltar que a construção de instrumentos musicais deve fazer parte do processo terapêutico, e não substituem a aquisição de instrumentos de qualidade no setting musicoterapêutico.



Referências:

FLORENCIO, Roberta S. B, MAGALHÃES, Natália Elisa. Dos Rolinhos aos Chocalhos: Como a Sucata se Transforma em um Importante Instrumento Terapêutico. 

TANGARIFE, Ana Sheila, PETERSEN, Elizabeth, MOUTA, Dayse, Dr.JERMANN, Paulo Eugênio.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Semana da Música no Conservatório de Tatuí


Dia 22 de novembro é comemorado o dia da Música e dos Músicos. A data escolhida  para a comemoração coincide com o dia de Santa Cecília,  que desde o século XV, é considerada padroeira da música sacra.

Segundo a tradição, Santa Cecília cantava com tanta doçura que um anjo desceu do céu para ouvi-la. Hoje ela é consagrada internacionalmente como a padroeira da Música e dos Músicos.
Para comemorar a data, todos os anos eventos musicais são organizados em todo o país, de música popular à erudita.

Na postagem de hoje, falaremos da Semana da Música do Conservatório Dr Carlos de Campos. Localizado em Tatuí, minha cidade natal, o evento apresentará concertos de alta qualidade, todos com entrada franca.

Com  elevado nível de ensino, o Conservatório tem reconhecimento internacional, tanto que a escola, localizada a 130 km da Capital paulistana, concentra estudantes de São Paulo, de outros 20 estados brasileiros e, ainda, de países da América Latina, Estados Unidos e toda a Europa. Além de oferecer excelência em ensino, o Conservatório de Tatuí notabiliza-se ao organizar eventos de alta qualidade.


Conservatório de Tatuí apresenta a 51ª Semana da Música de 20 a 26 de novembro
Evento mais antigo da instituição voltará a ter alunos como solistas dos grupos pedagógico-artísticos

O Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos realiza a 51ª Semana da Música, entre os dias 20 e 26 de novembro, com os grupos pedagógico-artísticos recebendo os alunos da instituição como solistas, ideia que foi retomada pela direção do Conservatório de Tatuí.

A Semana da Música teve aos poucos sua característica alterada ao longo dos anos e, em 2011, a atual direção indicou que seria interessante voltar a ter alunos como solistas e destacar os resultados do aprendizado. Os critérios para seleção dos solistas foram variados, mas, em geral, os coordenadores de grupos, juntamente com os respectivos coordenadores de área, realizaram concursos internos.
“É uma chance de os alunos se exporem, colocarem-se à prova. Uma apresentação frente a uma orquestra vale por mil lições, além de ser uma marca de qualidade no currículo. É um ótimo começo para os mais adiantados. Com isso, eles podem candidatar-se a outros conjuntos, tentar concursos em orquestras profissionais já tendo esse diferencial. É para poucos”, afirmou o diretor-executivo do Conservatório de Tatuí, Henrique Autran Dourado. A Semana da Música foi criada pela então diretora do Conservatório de Tatuí, Yolanda Rigonelli, como forma também de homenagear o Dia do Músico e a Padroeira dos Músicos, Santa Cecília - datas celebradas nacionalmente em 22 de novembro.

Programação

A programação será extensa, ressaltando o enfoque pedagógico da instituição. No dia 20 de novembro, a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí fará o encerramento do III Prêmio Incentivo de Música de Câmara e a abertura da 51ª Semana da Música. Marcely Rosa e Paulo Rochel se apresentarão com a Camerata de Violões no dia 21 de novembro. No dia 22, às 20h30, será a vez de a Jazz Combo apresentar seu espetáculo. No dia 23, o Grupo de Percussão acompanhará um aluno da mesma área.

O Grupo de Choro e o Grupo de Performance de Palco sobem ao palco do Teatro Procópio Ferreira no dia 24 de novembro, assim como a Big Band, no dia 25. O último dia da 51ª Semana da Música está reservado para o Grupo de Performance Histórica e Banda Sinfônica.

Todos os concertos têm entrada franca e serão realizados no Procópio Ferreira, às 20h30. A única exceção é a apresentação do Grupo de Performance Histórica, marcado para as 16h. Mais informações pelo site www.conservatoriodetatui.org.br ou pelo telefone (15) 3205 8444.

sábado, 5 de novembro de 2011

Filosofia e Música





Na postagem de hoje, veremos um trecho da entrevista que o filósofo Vladimir Safatle  concede à revista Psique n. 70, no qual fala sobre a Filosofia da Música.

Professor livre-docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Vladimir Safatle é autor de obras como Fetichismo: colonizar o Outro, Cinismo e falência da crítica, Lacan e A paixão do negativo: Lacan e a dialética. O pensador desenvolve reconhecido trabalho em diversos campos, que vão da epistemologia da Psicanálise à Filosofia da Música.


Entrevista
Por Fernando Savaglia

Outra área de seu interesse é a música. Uma de suas abordagens diz respeito a traçar uma relação entre música e política?
Safatle - As reflexões formais das obras de arte têm um forte papel indutor  na nossa concepção dentro da vida política. Uma forma musical é um sistema de decisões de uma série de variáveis, por exemplo, sobre a racionalidade ou irracionalidade; quando você decide o que é som e o que é ruído; decisão sobre organização do tempo,  espaço, identidade, diferenças. Estabelece-se isso a partir de dissonâncias e consonâncias, o que é uma contingência, desenvolvimento, acontecimento. Todos esses conceitos, unidade, síntese, ordem, diferença, não só conceitos estéticos, mas  políticos também; eles organizam nossa maneira de pensar politicamente. As obras são políticas, não quando têm temas políticos, aí elas não são nem obra de arte, mas peças de propaganda. Elas têm força política quando falam delas mesmas, de suas formas; aí desenvolvem outra ordem possível, de outro modo possível de estruturação, de outro modo possível de visibilidade.

A seu ver, a música seria uma ferramenta capaz de provocar no homem um sentimento de reencontro com a espiritualidade?
Safatle - Existe uma mitologia musical muito forte, que vem principalmente do romantismo alemão, no que diz respeito à música como veículo privilegiado da manifestação do sublime. O sublime seria uma ideia da  razão inadequada a toda representação. É comum se apontar a música como tal, pois ela é uma linguagem sem representação, isto é, sem vínculo com a linguagem ordinária. Se pegarmos um trecho de uma sinfonia de Schubert, por exemplo, como podemos definir que sentimento é aquele? É contemplação? Paz? Tristeza? Melancolia? Esse caráter indeterminado da música era visto não como uma carência da linguagem, mas como uma força, isto é, ela está para além de toda e qualquer linguagem, que se assenta sobre uma representação. Daí a ideia da experiência do sublime. Não desconsidero esta experiência do ponto de vista pessoal de cada um. Por outro lado, não tenho muito a dizer, porque não é minha experiencia.

É possível, então, afirmar que outras formas de composição fora do universo tradicional da música tonal, como o atonalismo, música eletroacústica e a música serial, refletem uma maneira filosófica peculiar de seus respectivos compositores de estar no mundo?
Safatle - Acho, antes de tudo, que é um desenvolvimento interno da própria linguagem musical.Que isso tenha consequências mais amplas para a forma de pensar de uma época é natural. A música sempre teve essa capacidade. Ela tem uma contradição, que é ser vista ao mesmo tempo como a mais intuitiva e a mais racional das artes. Dependendo de onde você está, você pode ter duas visões diferentes. Em alguns momentos, ela nos parece a mais próxima expressão imediata do eu e, em outros, ela pode se parecer como um quebra-cabeça intelectual. O fato é que a história das formas musicais é um setor da história da razão. Impossível entender como essas formas vão se modificando na mesma época. É um equívoco de certas correntes filosóficas não entender que a estética é um setor da história da razão.

Em sua opinião, porque o dodecafonismo ou o atonalismo causam certo desconforto em muitos ouvintes? É um fato cultural ou inato?
Safatle - O compositor Steve Reich diz que todo  pensamento é tonal. Não existe tradição no mundo que não tenha pulsação regular e centro tonal. Na minha visão, diria que nossa vida social é tonal, no sentido que ela tende a se organizar como uma sonata que compartilha dessa imagem que existe, um modo de desenvolvimento, um modo de organização, enfim, toda uma narrativa que se organiza mito própria do sistema tonal. Existem tensões latentes da vida social que as obras de arte podem expor de maneira manifesta. Muitas vezes elas são os únicos espaços onde isto pode ser posto. Nesse sentido, elas têm uma função política muito importante.

Como vê a relação do Brasil com sua música?
Safatle - Existe algo estranho no sistema cultural brasileiro, que é a ideia de que vivemos num país eminentemente musical, sendo que a música brota da terra. Ela,a música, não precisa ser pensada e seria a prova maior de nossa imanência com o gozo solar, absolutamente presente, e que é exalada dos poros de todo e qualquer cidadão nascido neste país. Essa imagem ideológica, profundamente arraigada em nós, acabou nos fazendo incapaz de pensar música. Mesmo Villa-Lobos, nosso maior compositor, se justificava com esse argumento, dizendo que a música vinha com a catarata, com a natureza, etc. É  um discurso ideológico que diz respeito muito mais ao como gostaríamos de sermos vistos do que realmente aquilo que a música é.


Referências:

SAVAGLIA, Fernando. Entrevista: Vladimir Safatle - Entre Lacan e Adorno. Revista Ciência e Vida: Psique. São Paulo: Editora Escala, Ano VI. n. 70. p. 06-11, 2011.

Foto: Ralph Baiker.

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