segunda-feira, 27 de junho de 2011

Atividades Musicais com Idosos




“O principal objetivo das medidas preventivas na terceira idade não é  reduzir as taxas de mortalidade, mas melhorar a saúde e a qualidade de vida dos idosos, de modo que eles tenham suas atividades menos afetadas por doenças crônicas (VERAS, 1997)”.

Os idosos têm a necessidade e o direito de sentirem-se bem e importantes no meio em que vivem. Para isso as ações  devem ter como objetivo maior a integração do idoso ao seu meio, procurando mantê-lo com o máximo de capacidade funcional e independência física e mental, na tentativa de evitar ou minimizar as conseqüências das doenças crônicas sobre o organismo.

Muitos idosos, especialmente moradores de Instituições de Longa Permanência ( ILPs), passam grande parte do tempo ociosos, o que pode acarretar sentimentos de melancolia e depressão.

As atividades, além de proporcionar momentos prazerosos e retirar o idoso da ociosidade, envolvem questões importantes como estímulo dos mecanismos cognitivos (memória, atenção, percepção, raciocínio, julgamento, criatividade), integração intra e interpessoal, e possibilita, dependendo da atividade proposta, o estímulo dos movimentos motores. 


Sugestões de Atividades: 

1 - Atividade com balão: Os participantes sentados em círculo, passam, ao som de uma música, um balão de mão em mão. No momento em que a música pára a pessoa que está com o balão o estoura e lê uma pergunta que está escrita dentro dele. Sugestões de perguntas: Como você acha que é sua saúde? O que é ter saúde para você? O que você acha que devemos fazer para ter boa saúde? Você acha que está cuidando bem de sua saúde? Você acha que a brincadeira é uma forma de procurar cuidar da saúde? porquê? Os temas das perguntas podem variar conforme o objetivo. As respostas podem ser seguidas de discussões.

2 - Atividade com palavras e música: Escrever, em pequenos papéis, várias palavras. Ex: ABRAÇO, AMOR, ROSA, VIAGEM,  ESTRADA... Cada um pega um papel e após ler a palavra escrita procura lembrar uma música que contenha a palavra.  

3 -Atividade de ritmo e palavras: Nesta atividade, o musicoterapeuta e o grupo usa palmas ou um instrumento para fazer a marcação rítmica enquanto fala: - Atenção XXX (palmas de todos e/ou instrumentos), Concentração XXX Não Perca o ritmo XXX Vai começar XXX Vamos falar XXX As frutas XXX - e assim cada um fala o nome de uma fruta sem repetir. No lugar fruta, pode-se sugerir outras coisas como: nome de cidades, países, cantor (a)...

É isso, em outras postagens coloco outras sugestões. Essas três atividades foram realizadas com grupos de idosos e o resultado foi muito bom. Lembrem-se que são apenas sugestões, e como tal, podem ser modificadas e adaptadas e acordo com a proposta e objetivo do musicoterapeuta.

Bom trabalho!

Veja mais sugestões de atividades em Atividades Musicais com Idosos II
Referência:

MOURA, L. F. Moura, CAMARGOS, A. T. Atividades educativas como meio de socialização de idosos institucionalizados. UFMG, Belo Horizonte, 2005

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Musicoterapia e Envelhecimento





“Acredita-se que a função da Musicoterapia é criar, manter e fomentar a comunicação, resgatando a espontaneidade perdida pelo homem ao longo de sua existência, estimulando a criatividade e liberando o indivíduo de condutas estereotipadas, de sua rigidez e cristalizações, comportamentos adquiridos durante o processo e envelhecimento” (GODINHO IN PINTO ET AL, 2006).

A velhice não precisa ser um período de inatividade. Ao se libertar dos estereótipos negativos, o indivíduo pode viver uma velhice plena e ativa. Ao estimular a criatividade, o indivíduo desprende-se das atitudes e pensamentos cristalizados, possibilita uma reelaboração da  sua própria existência e compreensão da fase por ele vivenciada.

A comunicação intra e interpessoal é fundamental para o idoso e a musicoterapia mostra-se uma forma terapêutica importante, pois é capaz de abrir canais de comunicação verbal e não verbal,  proporcionando momentos de integração e oferecendo ao idoso a oportunidade de expressar sentimentos e emoções.

O trabalho musicoterapêutico, além de tratar de questões emocionais, estimula as funções cognitivas e motoras, facilita a comunicação assim como a integração intra e interpessoal.

O Setting Musicoterapêutico

O musicoterapeuta se utiliza da música, dos sons, ruídos, enfim, qualquer manifestação sonora, inclusive silêncios. No setting musicoterapêutico, os instrumentos musicais atuam como um importante objeto intermediário, agindo, para o idoso como uma extensão do seu próprio corpo. Além dos instrumentos musicais e da voz, podem ser usados alguns recursos complementares como: microfone com pedestal, microfone de cabeça, aparelho de som e quadro branco. 

É importante que o musicoterapeuta adapte as propostas de acordo com as particularidades de cada cliente/paciente, utilizando os recursos que melhor se mostrarem eficazes, lembrando que os indivíduos apresentam diferentes condições físicas, mentais e emocionais.

É ainda função do terapeuta estimular as potencialidades, promover uma reabilitação funcional e prevenir as perdas próprias da idade. Porém, ao se isolar, o idoso deixa de estimular tanto os movimentos motores como cognitivos e emocionais conduzindo-o à um declínio acelerado.

Um trabalho de re-significação e auto conhecimento pode tirar o idoso do seu lugar de estagnação e leva-lo à uma vida mais ativa e, consequentemente, mais feliz. Ao se conhecer melhor, o idoso pode re-elaborar seus conceitos e aceitar a fase vivenciada com mais tranqüilidade, adequando-se à suas limitações, e desfrutando de tudo que ainda possa realizar.

"Através da experimentação e organização do material sonoro o paciente entra em contato com pensamentos, sentimentos, lembranças e emoções que podem ser partilhados com o musicoterapeuta, e, de alguma forma, elaborados." (BARCELLOS, 1996)



Referências

BARCELLOS, Lia Rejane; SANTOS Marco Antônio Carvalho. A Natureza polissêmica da música e a musicoterapia. Revista Brasileira de Musicoterapia. Rio de Janeiro: Ano I - Número 1, p. 5- 18, 1996

CASTRO PINTO, S. P. L. et al. O Desafio Multidisciplinar: Um Modelo de instituição de Longa Permanência para Idosos. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2006.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Educação Musical





No post de hoje, falarei um pouco sobre o processo de Educação Musical.

Educação Musical e Desenvolvimento

São inúmeros os estudos que comprovam que o aprendizado musical na infância acarreta em ganhos significativos em diversas áreas, como cognição, percepção auditiva e visual e habilidades motoras.

É comum, hoje, as escolas oferecerem aulas de  musicalização já nas pré-escolas, o que deve ser encarado como um fator extremamente positivo para o desenvolvimento global das crianças:

“... a música é uma actividade demasiado importante para ser negligenciada. É parte integral do desenvolvimento intelectual, cultural, emocional e espiritual das crianças e não deve ser tratada isolada do resto do currículo nem apenas pelos especialistas em música”. (Durrant e Welch, 1995: 3)

Musicalização Infantil

Musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação (Bréscia 2003).

As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro.

Alfabetização Musical

Enquanto a leitura e escrita musical são muito diferentes da linguagem de leitura e escrita, o desenvolvimento inicial de alfabetização musical também pode ser uma poderosa ferramenta no desenvolvimento de alfabetização. Estudos têm mostrado que o aprendizado  musical aumenta o rendimento escolar em um número de diferentes frentes, incluindo a linguagem escrita. Isso parece dar suporte a idéia de que o desenvolvimento da música e da linguagem de alfabetização em nossos alunos podem se reforçar mutuamente. Talvez as diferenças entre as habilidades de leitura e escrita de música e linguagem não sejam tão grandes como parecem à primeira vista. 

Abaixo, algumas cartelas com atividades de alfabetização musical (clique na imagem para ampliar e imprimir):


Dedoches
Dedoches


Jogo da memória

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Experiências re-criativas em Musicoterapia






 Quando se trabalha em instituições, especialmente com grupos, o ensaio de repertório, embora mais comum na educação musical, também fica, muitas vezes, a cargo do musicoterapeuta. Os ensaios e apresentações podem ser realizados em qualquer época do ano, porém, são mais frequentes em datas comemorativas e nas festividades, como páscoa, natal e festas juninas. Em Musicoterapia, podemos chamar as atividades que envolvem o ensaio de repertório de Experiências Re-criativas.

Experiências re-criativas em Musicoterapia

Para Kenneth Bruscia (2000), as experiências re-criativas envolvem executar, reproduzir, transformar e interpretar qualquer parte ou o todo de um modelo musical existente, com ou sem uma audiência.

Segundo o autor, os objetivos clínicos com tais experiências podem ser:

  • Desenvolver habilidades sensório-motoras;
  • Promover comportamento ritmado e a adaptação;
  • Melhorar a atenção e orientação;
  • Desenvolver a memória;
  • Promover a identificação e a empatia com os outros;
  • Desenvolver habilidades de interpretação e comunicação de idéias e sentimentos;
  • Aprender a desempenhar papéis específicos nas várias situações interpessoais;
  • Melhorar as habilidades interativas e de grupo.
As experiências de re-criação ainda variam em Re-criação Instrumental -  Tocar, ensaiar ou aprender um instrumento musical; Re-criação Vocal - Vocalizar, cantar,ensaiar ou ter aulas que envolvam a reprodução vocal; Produções Musicais -  Envolvimento no planejamento e apresentação musical que envolvem uma audiência; Atividades e Jogos Musicais - Participação de jogos musicais ou qualquer atividade que seja estruturada pela música e Condução -  Quando o cliente dirige através de gestos, uma apresentação musical, tal como um maestro.

Repertório

Pensando em repertório para as festas juninas, hoje trago um disco de  Luiz Gonzaga: São João na Roça.
Algumas canções desse disco estão sendo trabalhadas com um grupo de idosos e o resultado está sendo muito bom. Apesar de antigo (o disco é 1962), as músicas são interessantes e não soam ultrapassadas.
Além disso, tem sido uma boa oportunidade de relembrar e até "(re)descobrir" canções desse ilustre compositor brasileiro.


O Disco


São João na Roça foi lançado em 1962 e é composto de 12 músicas, todas com a temática voltada para a festa de São João.
O disco imortaliza algumas canções juninas antigas e pode ser considerado um verdadeiro registro para as gerações atuais e futuras sobre o que verdadeiramente representa o São João para o povo do nordeste.







Baixe o Disco e  todas as Letras completas (algumas cifradas)

Bom trabalho!



Referências:

BRUSCIA, K. Definindo Musicoterapia. São Paulo: Enelivros, 2000.





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