sexta-feira, 27 de julho de 2012

Atividades Musicais com Idosos II



A realização de atividades é um meio privilegiado de o idoso obter bem-estar psicológico e físico.

O termo atividade pode incluir tanto atividades físicas como mentais, sejam estas individuais ou grupais. A atividade, quando praticada regularmente, oferece ao idoso significado e satisfação à existência, quer pelo compromisso e responsabilidade social, quer pela oportunidade de manter convívio social.

Atividades Musicais

As atividades musicais implicam na realização de várias tarefas: tocar um instrumento, cantar, memorizar peças e letras musicais, improvisar. Porém, é necessário ficar atento e conhecer as possíveis limitações dos idosos. Pode ser necessário adaptar as atividades para que mesmo indivíduos com dificuldades motoras possam realizar a proposta. Idosos acamados também podem se beneficiar da musicoterapia e atividades musicais, através de audições e atividades guiadas por um musicoterapeuta.

Abaixo, algumas sugestões de atividades que podem ser realizadas com grupos de idosos ou mesmo em atendimentos individuais:

Atividade 1 - Relaxamento e respiração:

Os exercícios respiratórios facilitam a eliminação de secreções e melhoram a ventilação pulmonar, prevenindo complicações pulmonares e preparando o idoso para as atividades cantadas.

Respiração abdominal - puxar o ar pelo nariz lentamente e soltar pela boca, levando o ar para "barriga".
Respiração profunda - puxar o ar o máximo que conseguir e soltar pela boca devagar.
Respiração em 2 tempos - puxa um pouco de ar, segura, puxa tudo e solta devagar pela boca.

Um musicoterapeuta pode escolher uma música para colocar de fundo enquanto a atividade é realizada. A escolha da música deve ser cuidadosa pois pode provocar sentimentos de melancolia, tristeza e  despertar lembranças. A não ser que este seja o objetivo do terapeuta, este é um momento de relaxamento que precede as atividades.

Atividade 2 - Desenvolvimento Físico/Motor

Escolher uma música com um ritmo bem marcante. Com os idosos sentados em círculo, propor movimentos que sigam o ritmo da música. Os movimentos devem ser suaves e não muito rápidos para não provocar lesões, porém, combinados e sincronizados. Esta atividade baseia-se na Dança Sênior. Criada em 1974, a dança sênior busca inspiração nas danças folclóricas e de salão de todas as partes do mundo. 
No vídeo abaixo, vemos uma atividade com dança sênior ao som de Cidade Maravilhosa:



Atividade 3 - Jogral de Canções

Escolha uma canção curta e bem conhecida pelo grupo. Divida a música em frases e escreva cada frase em um pedaço de papel/cartolina (é bom que as letras sejam grandes; verifique também se todos são capazes de ler). Primeiro distribua as folhas para cada um na ordem em que estão sentados. Assim, a música obedecerá uma sequência mais fácil. A música é então cantada, cada um na sua vez. Se o resultado for bom ou seja, se todos conseguirem cantar na sequência certa, recolha as folhas e distribua novamente, porém aleatoriamente e cante novamente a música cada um na sua vez, seguindo a sequência da música, mas não na ordem dos idosos. 
Se os idosos não forem capaz de ler, (ou mesmo para os que leem), pode-se fazer a atividade apontando ou tocando no ombro do idoso que irá cantar a sequência (verifique se todos conhecem a letra da música ).

Atividade 4 -  Passando a bola

Com uma bola ou uma bexiga, escolha uma música conhecida gravada em CD. Com os idosos sentados, passe a bola ou bexiga de mão em mão enquanto todos cantam. Dê pausa na música e o idoso que ficou com a bola deve continuar a música. Continuar até a música acabar.

É isso amigos. Lembrem-se que são apenas sugestões e podem ser alteradas e adaptadas conforme o grupo e objetivos do musicoterapeuta.

Veja outras atividades em  Atividade Musicais com Idosos.


Referências:

Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina. Cuidando do Cuidador: Guia Prático para cuidadores informais. São Paulo, 2011.

YOKOYAMA Cláudia E., CARVALHO, Renata S., VIZZOTTO, Marília M. Qualidade de vida na velhice segundo a percepção de idosos frequentadores de um centro de referência. inFormação ano 10, nº 10, jan./dez. 2006.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O que é (ou não) Musicoterapia?



A postagem de hoje visa esclarecer questões que cercam a prática da musicoterapia.

"A musicoterapia é um processo sistemático de intervenção em que o terapeuta ajuda o cliente a promover a saúde utilizando experiências musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudança" (BRUSCIA, 2000 p.22)

Assim, a musicoterapia consiste em um processo sistemático com objetivos e propósito, fundamentada em conhecimentos, organizada e regulada. Portanto, a utilização da música de forma aleatória e não estruturada, ainda que traga benefícios a uma pessoa, não pode ser considerada musicoterapia.

A música não é propriedade do musicoterapeuta (ou do músico), longe disso. A utilização da música é, e deve ser, propriedade da humanidade. Porém, a utilização indiscriminada do termo musicoterapia vai na contramão da consolidação da profissão.

Muitos tem utilizado inadequadamente a palavra musicoterapia para definir qualquer utilização benéfica da música sobre o ser humano. Porém, ainda que o efeito de  atividades musicais tragam benefícios para uma pessoa, chamar tal uso de musicoterapia requer alguns critérios.

O que NÃO é musicoterapia


Como vimos acima, o uso da música pode ser feito por todas as pessoas, assim como usufruir dos seus benefícios (que são muitos). Porém, apesar de benefícios, muitos até recomendáveis, não é musicoterapia:

  • o uso da música para relaxar;
  • fazer aula de música; 
  • cantar  uma música ao som de um instrumento;
  • aula de música para pessoas especiais;
  • a audição de uma música no rádio do carro ou em casa;
  • a execução de uma peça instrumental;
  • uso de som ambiente (como em consultórios, elevadores, etc)
  • canto e música em Hospitais;
Assim, apesar dos efeitos positivos que as atividades acima possam proporcionar, não as consideraremos musicoterapia (embora possam fazer parte da musicoterapia).

Quando É musicoterapia

Para  ser considerado musicoterapia, este processo requer  a intervenção de um musicoterapeuta. Segundo Bruscia, quando a música é utilizada sem um musicoterapeuta, o processo não é qualificado como musicoterapia, então, sem um musicoterapeuta, não há musicoterapia. 

Porque?

Em um processo musicoterapêutico, do ponto de vista dos procedimentos, a musicoterapia constitui-se de três fases: avaliação diagnóstica, tratamento e avaliação. (BRUSCIA 2000, p. 22) Ainda que outros profissionais possam se identificar com as fases citadas por Bruscia, estas tratam de abordagens específicas, nas quais se utilizam de métodos e técnicas próprias da musicoterapia.O ponto chave observado pelo musicoterapeuta é a relação do indivíduo atendido (paciente,/cliente) com a música. Assim, desde a entrevista inicial até a avaliação final, são especialmente as respostas musicais do indivíduo durante as sessões que fornecem os elementos necessários para o musicoterapeuta traçar objetivos, intervenções, abordagens e alta. Segundo o painel de descrição que estabelece as qualificações do musicoterapeuta (DACUM 2010), entre outras capacitações, o musicoterapeuta deve ser capaz de estabelecer diagnóstico musicoterapêutico e efetuar leitura musicoterapêutica. Assim, o único profissional preparado para compreender todas as fases de um processo musicoterapêutico é o musicoterapeuta.

Quem é o musicoterapeuta

É um profissional de nível superior que passa, na graduação, por quatro anos de faculdade e centenas de horas de estágio. Além da graduação em musicoterapia, há também os cursos de pós graduação que formam especialistas em musicoterapia. 

Cursos rápidos (de 80, 40 horas, ou até menos!) e Workshops  não  formam e muito menos qualificam musicoterapeutas!
Nossa profissão é séria e com sólida fundamentação científica. Precisamos batalhar para que o nome Musicoterapia se estabeleça e seja visto com respeito pela sociedade e outros profissionais da saúde.

Então, se você não é um musicoterapeuta e utiliza a música em seu trabalho, tudo bem, continue usando!  Só pedimos, para o bem da profissão musicoterapia, não utilize esse termo, ok?


Abraços!

Referências


BRUSCIA, Kenneth E. Definindo Musicoterapia.Rio de Janeiro: Enelivros, 2000.

DACUM. Painéis de Descrição e Validação. São Paulo: UBAM, 2010.



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